sexta-feira, 12 de abril de 2013

Curso de Captaçâo de Recursos: Caminhos da sétima arte


É preciso amar o que se faz para percorrer as trilhas do cinema no Brasil

Quando se vê grandes sucessos do cinema nacional como Cidade de Deus, Tropa de Elite e dentre tantos outros, não é possível ter ideia de como foi árduo o caminho até ali. Não é do dia para noite que diretores como Fernando Meirelles, José Padilha e Walter Sales conquistaram o respeito e reconhecimento internacional.





Há muitos casos do cineasta não poder se dedicar simplesmente à carreira cinematográfica. A sétima arte deixa de ser a principal fonte de renda e se torna, por vezes, um hobbie. Este é o caso do cineasta Marco Ferreira, que também trabalha em uma empresa de marketing, na qual faz vídeos não ligados ao cinema.





De acordo com ele, para se fazer cinema, como qualquer outra coisa no Brasil, é preciso ter foco, paciência e se especializar na área. “Cada ano surge mais cursos na área de cinema, e isso é ótimo, mostra que o País tem chance de um crescimento cultural”. Ainda assim, o cineasta, que já dirigiu nove curtas experimentais e dois profissionais, ressalta os percalços. “As dificuldades existem, e são muitas, tanto na questão de verba para seguir em frente com essa profissão, quanto na descriminação de uma produção regional”.





Incentivo





Marco acredita que ainda é cedo para falar sobre as dificuldades que encontrou em seu caminho. “Acredito serem as mesmas daqueles que iniciam nesta área. É o patrocínio, a verba e a divulgação do filme”.





Para ele, a questão mais difícil em realizar um curta é a verba inicial, mesmo que existam leis de incentivo a cultura. “O governo tem leis de incentivo para a área e muitas pessoas não têm acesso por desconhecê-las. Isto torna difícil de conseguir ter o projeto aprovado, principalmente por conta da burocracia. Acredito que a lei e a forma de aplicação precisam de algumas reformas para tornar mais simples e de bom entendimento para os iniciantes, que somam grande parte dos produtores independentes”.





O diretor acredita que estas leis estão aí para estimular a produção cultural e artística brasileira, mas ele não vê tanta simplicidade em seu uso. “Se escuta muito falar das dificuldades de conseguir ter o seu projeto aprovado. Conheço pessoas que passaram três anos tentando entrar na lei com o mesmo projeto, não só no cinema, mas em teatro também, e alguns até desistiram”.





Mãos à obra





Apesar de existirem dificuldades, Marco afirma ser possível viver de cinema no Brasil. Segundo ele é necessário pensar como forma de trabalho, para se ganhar dinheiro com produções do audiovisual, e não na forma milionária como vista em Hollywood.





“É importante separar as duas formas, pois acredito que é onde muitos cineastas se frustram. Penso que quem é da área precisa sempre pensar em se superar, em projetos maiores. Desta forma se ganha renome para trabalhar em produções, também, maiores, e ter um grande retorno financeiro”.





Marco ainda não fez um longa metragem profissional e atualmente trabalha pós produção de um curta de ficção científica. Para ele, os curtas são os cartões de visita dos diretores e este, é um de seus maiores projetos. “Mesmo sendo independente, consegui parcerias como o Maestro José Claudio Silva, compositor da trilha sonora de Rei Davi, série de maior audiência da Rede Record, e Bruno Pedroza, diretor de efeitos visuais que se especializou na área nos Estados Unidos e voltou para o Brasil com o domínio em diversas técnicas em pós produção”. O diretor acredita que haverá um aumento de produções de ficção e fantasia no País nos próximos anos.





Independentes





O professor e coordenador do curso de audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Marcelo Costa acredita que muitos cineastas que se enquadram na categoria de independentes, não queiram deixar essa situação. “Justamente pela possibilidade de inovação, experimentação e independência, coisas que nem sempre são possíveis quando se desenvolve projetos para as grandes produtoras/veículos de comunicação, que pensam seus produtos a partir da lógica de produção em escala com uma formatação industrial”.





Assim como Marco, o professor universitário não vê um acesso fácil à lei de incentivo a cultura. De acordo com ele os editais para as leis de incentivo ainda são muito burocráticos, exigem uma infinidade de documentos e certidões e, em geral, possuem um processo moroso. “Outro ponto discutível é o teto orçamentário destinado para projetos em audiovisual que fica muito aquém do razoável, levando-se em conta os custos de realização”.





Segundo ele, o atual cenário poderia ser beneficiado caso houvesse uma política pública mais efetiva. Mas para ele, ainda existe outro problema: a falta de profissionais na área de gestão cultural, que são profissionais responsáveis por cuidar da elaboração de projetos, consultoria cultural e captação de recursos.





De acordo com Marcelo, em geral, os realizadores não possuem um perfil adequado para essas atividades que perpassam pelas áreas de administração, marketing, comunicação. “Certamente um mercado melhor servido de bons gestores culturais ajudaria bastante na redução da mortalidade de boas ideias que não são concretizadas por serem retidas pela burocracia”, diz.





Para superar





Apesar das dificuldades, o coordenador acredita que seja possível viver da sétima arte no Brasil. “Não só de cinema, mas das diversas variações do audiovisual, como a produção para TV, publicidade, internet, games e outros”. E para isso, ele destaca a importância de capacitar profissionais para ter não apenas domínio das técnicas de produção, mas também, compreender as configurações do mercado para que possam se posicionar de forma mais competitiva.





Por fim, Marcelo afirma que para fazer cinema no Brasil é preciso amar o que se faz. “Sobretudo, porque os gestores públicos do País não tratam o segmento cultural como uma de suas prioridades”.





Para ele, sensibilidade é outro fator fundamental, seja na produção de um filme, de uma série para TV, ou em um conteúdo para a internet. Segundo o professor, entender o outro, ler as entrelinhas dos conflitos sociais e incorporar os dramas humanos às narrativas só podem ser percebidas por um olhar sensível. “É preciso que o desejo de realização consiga ser mais forte que as dificuldades”, conclui.





Na prática





Um exemplo que vem dando certo é da produtora de audiovisual Panaceia Filmes. A empresa, que é situada em Goiânia, foi criada em 2010 por quatro jovens estudantes com intuito de realizar seus projetos na área.





Hoje, a empresa que já produziu seis curtas metragens e continua a desenvolver projetos, vem se destacando no estado de Goiás. Além disto, a produtora trabalha com formação e reflexão da área audiovisual, oficinas de formação, produção de uma revista eletrônica de cinema e mais. Seus trabalhos são feitos com parcerias de colaboradores locais e ainda, com auxílio de leis de incentivo a cultura.





Atualmente, a empresa trabalha em seu primeiro longa metragem, Encontro Marcado, que está em pré-produção e será rodado no ano que vem. Além da Panaceia, o filme será produzido por Tá na Lata Filmes, Sertão Filmes e a Mandra Filmes.





A produtora executiva Lidiana Reis diz que para este ano estão finalizando o curta Sem Você e o próximo lançamento será Atrás da História (ou No Coração do Filme). De acordo com ela, fazer Panaceia Filmes dar certo é uma batalha diária, mas afirma que todos os projetos que começaram, conseguiram realizar.





Dos projetos concluídos, Lidiana afirma que apenas dois deles foram independentes. “Quando não temos parceiros, tiramos do próprio bolso”. Ela explica, que mostra o projeto aos atores e demais envolvidos e se todos aceitarem fazer de graça, ele é executado. “Se ganhamos um prêmio, fazemos a divisão”, diz.





Além das dificuldades financeiras, que são as maiores, a produtora executiva explica que conseguir atores também não é fácil. “Goiânia é mais ligada em atores de teatro, que é algo bem diferente”.





A Panaceia filmes lançou o curta Uma Carta para Heitor no último sábado. A estreia aconteceu no cinema do Shopping Bougainville.


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fonte:http://dm.com.br

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