Parceria entre uma produtora local e uma companhia suíça resulta em longa-metragem sobre futebol brasileiro
Um encontro de idiomas, afetos, ficção e realidade. Em resumo, essa é a essência do filme "Maior que Pelé", uma coprodução Brasil-Suíça, atualmente em fase de finalização de roteiro e captação de recursos. O projeto é fruto de uma parceria entre as produtoras Gavulino, de Fortaleza, e Le Hub Cinema, de Genebra - primeira do tipo a envolver uma empresa cearense.

Filme em fase de produção terá o mundo do futebol como pano de fundo FOTO: CHICO GOMES/
A história é uma espécie de comédia romântica ambientada no universo do jornalismo esportivo. Laurent, repórter e documentarista suíço, decide ir ao Brasil disposto a encontrar e escrever um livro sobre Jacinto, grande lenda do futebol nacional cuja carreira, por algum motivo, não deslanchou.
Embora considerado por críticos e especialistas um jogador maior que Pelé (daí o título), Jacinto é esquecido pelo público e cai no ostracismo. Em sua busca, Laurent contará com a ajuda de amigos - entre eles um jornalista esportivo brasileiro aposentado - e desconhecidos generosos, a exemplo de Dira, jovem artista urbana que pinta painéis em espaços públicos. Toda a investigação do documentarista acontece em Fortaleza, cidade natal do sumido Jacinto.
Um dos diretores do filme e sócio da Le Hub, o ítalo-suíço Henri Guareschi, tem um caso de afeto com o Nordeste e, mais especificamente, com Fortaleza - daí a escolha para o filme. "Conheci o Brasil há sete anos e me apaixonei pelo País. Em Fortaleza, tenho uma pessoa muito amiga que tornou a cidade minha segunda casa", explicou o realizador, em entrevista ao Diário do Nordeste.
A proximidade com o País também veio por meio do trabalho, quando o sócio de Guareschi, o documentarista Bernard Robert-Charrue, realizou o documentário "Paraíba, meu amor" (2008), sobre o forró, com participação de grandes nomes do ritmo brasileiro.
Intercâmbio
Agora, o suíço junta-se aos conterrâneos Yves Matthey (diretor e montador), e Laurent Deshusses (ator e roteirista), para realizar "Maior que Pelé". O roteiro foi escrito pelos três, enquanto a direção é assinada conjuntamente por Guareschi e Matthey. Atualmente, Ives Albuquerque, sócio da Gavulino e produtor executivo do filme no Brasil, está encarregado de adaptar o texto para o português, além de ajustar algumas situações à realidade brasileira. Laurent também acumula funções: é dele o papel principal do filme. Para desempenhá-lo, o ator está tendo aulas de português. A ideia das duas produtoras é que boa parte do elenco seja de atores brasileiros - e, na medida do possível, nordestinos - com reconhecimento nacional.
"Já convidamos Cláudio Jaborandy (nascido em Fortaleza). Ainda não temos um papel definido para ele, há dois ou três possíveis, mas estamos muito felizes porque ele aceitou", adianta Guareschi. Para a personagem Dira, foram cogitados nomes como Camila Pitanga e Alice Braga.
A escolhida vai contar com a ajuda valiosa do artista urbano Narcélio Grud, de Fortaleza, outro nome já confirmado na produção. Além de emprestar seus traços para os painéis de Dira, Grud vai assinar a cenografia do filme.
Para o diretor, o filme parte do universo esportivo para tratar de encontros, afetividades e sonhos possíveis. "Enquanto Laurent busca Jacinto, Dira deseja encontrar seu pai, que nunca conheceu. Esses e outros encontros vão transformar a vida de todos", resume Guareschi.
O encontro de culturas também se dá na realidade, entre membros do elenco e da equipe do longa-metragem. No caso da barreira da língua, o diretor encara mais como um desafio que um obstáculo. "Além das aulas de português temos recursos como fones auriculares para atores, tradutores. Mas essa troca não deixa de ser um dos objetivos do projeto", ressalta.
O roteiro prevê que 80% das filmagens aconteçam em Fortaleza, durante nove semanas, em locações como a Arena Castelão, o Centro e praias próximas. O restante deve ser gravado na Suíça, em quinze dias. "Teremos belas tomadas das montanhas e também em Genebra. Queremos mostrar o patrimônio cultural e natural dos dois países", esclarece Guareschi. Já as fases de edição e pós-produção devem acontecer inteiramente no Brasil. O projeto já foi submetido à apreciação de um órgão de fomento cultural na Suíça. No Brasil, os realizadores esperam conseguir metade do financiamento por meio de leis de incentivo e parcerias.
A equipe espera lançar o filme em 2014, antes do início da Copa do Mundo, "para aproveitar que todos os olhares estarão voltados ao Brasil", reconhece Guareschi. A pré-estreia, claro, será em Fortaleza.
"Gostaríamos de fazer no Cine São Luiz, por ser um ícone da vida cultura da cidade", planeja Ives Albuquerque Por meio da Le Hub Cinema, a produção já tem distribuição garantida na Suíça, França, Canadá e Bélgica. "Agora estamos conversando com algumas distribuidoras brasileiras", adianta Ives.
Homenagem
Por fim, Guareschi ressalta a questão do título do filme. "Não é uma provocação, mas uma homenagem ao Pelé. Sabemos que ele é referência máxima no futebol brasileiro, por isso a menção no nome, para dar ideia de sonho impossível possível", brinca o diretor, que aposta grande e quer a presença do craque também no filme. Para tanto, Guareschi embarcou ontem para São Paulo com o objetivo de conversar com o ex-jogador. "Temos essa brincadeira no filme de misturar ficção e realidade. Então Pelé faria ele mesmo, assim como outros grandes jogadores também estariam presentes para dar depoimentos sobre o personagem procurado, Jacinto", planeja.
fonte: http://diariodonordeste.globo.com/
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