quinta-feira, 20 de junho de 2013

Captação de Recursos: Longa vai narrar vida de ator e performer da noite de Porto Alegre



Cinebiografia "Castanha", de Davi Pretto, está sendo rodada desde a semana passada na Capital


João Carlos Castanha, filmado pelo diretor Davi Pretto (em pé), pelo fotógrafo Glauco Firpo e pelo técnico de som Marcos LopesFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Daniel Feix

daniel.feix@zerohora.com.br


João Carlos Castanha é um daqueles personagens cuja presença, para usar um exagero que combina com suas histórias, abala uma cidade inteira. Essas histórias são tantas que o próprio ator e performer porto-alegrense diz já não ter mais certeza daquilo que vivenciou e daquilo que apenas inventou – ou que inventaram sobre ele.

Ficção, realidade, fabulação – é onde esses territórios se embaralham que o jovem cineasta Davi Pretto vislumbrou a cinebiografia de longa-metragem Castanha, cujas filmagens completam uma semana nesta segunda-feira. Davi explica:

– Construí um roteiro fechado baseado na vida dele, no qual cada episódio tem uma função dramática. Mas estamos abertos ao acaso. Há sequências em que o filmamos na noite sem qualquer predefinição do que vai acontecer. E deve haver ocasiões em que algo que surgir espontaneamente, sobretudo na relação dele com a mãe, pode substituir determinada cena que planejamos antecipadamente.

Por “filmar na noite” entenda-se acompanhar um de seus shows em boates GLS. Para compreender a valorização da figura materna: é com Celina, 75 anos, que Castanha, 52, vive num condomínio da zona sul de Porto Alegre. Com ela e com Joaquim e Sofia, os cachorros que aparecem na foto acima, um deles no colo do diretor.

Parte significativa das filmagens terá lugar no apartamento. As preparações para a sequência em que o protagonista acorda, pela manhã, e que será uma das primeiras do filme, por exemplo, foram acompanhadas por ZH. De pantufas, com Joaquim e Sofia sobre o cobertor de oncinha, laptop aberto, o retrato de um modelo masculino na estante e as caixas de som emanando primeiro David Bowie, depois música eletrônica, Castanha estende à reportagem a simpatia e a paciência que mantêm diante da gurizada da equipe.

Conta quando descobriu o cinema, na época em que Celina trabalhava como revisora de rolos de 35mm no escritório porto-alegrense da United International Pictures (UIP). Lembra a entrada no grupo teatral Ói Nóis Aqui Traveiz, no fim dos anos 1970, tempos de A Divina Proporção e A Felicidade Não Esperneia Patati Patatá, e as montagens deA Mãe e A Aurora da Minha Vida, na década seguinte.

Suas participações em espetáculos recentes, como Adolescer, e o troféu Açorianos pelo conjunto da obra, que ganhou em 2010, servem de gancho para ele falar sobre um novo projeto, a peça de sua autoria Antes do Fim – que deve encenar em parceria com Zé Adão Barbosa, com quem escrevera antes O Bordel das Irmãs Metralha.

Entretanto, este Castanha sério, a enumerar trabalhos passados e projetos futuros, tem pouco a ver com aquele que deve surgir na tela. A não ser que tudo, no fundo, não passe de uma única grande performance.

– Para mim, trata-se de um homem e sua tormenta permanente, causada pela arte de iludir – diz o diretor, especificamente sobre o seu longa. – Castanha será o retrato de um intérprete atuando, 24 horas por dia.

Verdades e mentiras

João Carlos Castanha diz que não tem mais certeza sobre quais de suas célebres histórias aconteceram – e quais foram inventadas. Mas o amigo Zé Adão Barbosa sabe. “São todas verdadeiras”, diz o ator e diretor teatral. No filme que retrata a vida de Castanha, importa menos o que é realidade e o que é ficção e mais o que desvenda este extraordinário personagem.

> Seria mentira a história em que, saindo da boate, cedo da manhã, Castanha se encantou por um jornaleiro e, para conseguir levá-lo para casa, comprou todos os jornais que ele precisava vender?

> E aquele causo em que ele foi preso após reagir ao preconceito alheio numa festa – e foi resgatado por outro parceiro de teatro após passar a noite na cadeia?

> Teria sido Castanha o criador da expressão “lasanha”, comum na noite porto-alegrense dos anos 1980 para identificar um homem bonito?

Não que o longa-metragem vá responder essas questões. As lendas estão consolidadas – e isso é o que importa.

Sangue novo

Castanha, o filme, marca a estreia no longa-metragem do diretor Davi Pretto, 25 anos completados neste domingo. Dele e da Tokyo Filmes, produtora que mantém com Bruno Carboni, Richard Tavares e Paola Wink, respectivamente montador, diretor de arte e produtora-executiva deste longa.

Trata-se de um dos núcleos de produção mais promissores da geração advinda dos cursos superiores de cinema implementados no Estado na década passada. A Tokyo está por trás de curtas como Quarto de Espera (de Bruno e Davi), Gaveta (de Richard) e Garry (de Bruno e Richard), além do recente clipe Despirocar, da Apanhador Só, este em parceria com a Sofá Verde e a Bloco Filmes.

Castanha tem financiamento do Fumproarte, o fundo de investimento em cultura da prefeitura de Porto Alegre, e tem a Casa de Cinema de Porto Alegre como produtora associada. Depois deste projeto, um dos focos será o segundo longa (Até o Caminho, também de Davi), que foi contemplado com o Prêmio de Desenvolvimento de Projetos Santander Cultural/APTC-RS e que está em fase de captação de recursos.

fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/

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