sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Captação de Recursos: Denise Fraga e Francisco Ramalho Jr., produtores de “O Contador de Histórias”




Envolvidos com o desenvolvimento de O Contador de Histórias desde 2002, os produtores Francisco Ramalho Jr. e Denise Fraga chegaram a pensar que o filme não iria sair do papel. Dirigido por Luiz Villaça, o drama é baseado na história de Roberto Carlos Ramos. Quando tinha 6 anos, Roberto foi matriculado na Febem pela mãe, que acreditava que a instituição ofereceria ao garoto chances de um futuro melhor. A boa intenção da mulher, no entanto, acabou fazendo com que Roberto se envolvesse com o universo da violência e fosse considerado um jovem sem recuperação pelos funcionários da Febem. Sua sorte muda depois de conhecer a educadora francesa Margherit.

Em entrevista ao Cinema em Cena, Ramalho e Fraga comentam sobre o processo de desenvolvimento e a mensagem do filme.

Como foi o processo de desenvolvimento do filme?

Ramalho: Foi um processo longo. O Luiz descobriu a história e, junto com a Denise, falou comigo sobre isso. Nós já tínhamos trabalhado em parceria em outra produção. Logo, começamos todo o processo burocrático, desde o registro do filme até a busca por captação de recursos. Durante esses seis anos de desenvolvimento, houve um momento que estava muito difícil conseguir captação e chegamos a pensar em desistir do projeto. Por acaso, ganhamos um edital que foi o impulso que fez a gente sair de novo para o filme. Saímos, sem combustível, para elevar voo. Até hoje estamos sofrendo com questões econômicas.

Em novembro de 2007 começamos a procurar as crianças. As filmagens começaram no final de abril do ano passado e rodamos até julho. Foram seis anos captando recursos e dois e meio fazendo o filme.


Vocês acreditam que o longa possa incentivar as pessoas a fazerem o mesmo que Margherit?

Fraga: O filme é uma história de otimismo. O que o longa aborda é a história de duas pessoas que acabaram sendo surpreendidas pelo afeto. Margherit tinha uma intenção pedagógica com esse menino e ele foi para a casa dela pensando como poderia se dar bem com essa situação e ambos se surpreenderam. Muitas teorias educacionais dela caíram por terra e ele se surpreendeu com o afeto dessa mulher.

Então, eu acho que o filme é a história de duas pessoas que se encontraram no momento certo e ambas estavam dispostas para a transformação. Eu tenho certo receio de se tratar isso como uma receita. Se você acreditar no “grão a grão”, como a Margherit e o Roberto acreditaram, você pode transformar o mundo. É uma história que faz a gente acreditar no impossível. O Roberto tinha uma condição de vários meninos brasileiros que aos 13 anos já têm um caminho traçado, um destino previsível. A educação modifica qualquer coisa.

Não podemos reduzir a história ao simples fato de se pegar alguém para ajudar. É necessário que as pessoas estejam disponíveis ao encontro, tanto o Roberto quanto a Margherit.

Ramalho: Muitas vezes dá a sensação de que o filme possa ser um tratado sociológico e não é isso. O filme é uma obra de ficção, para ser vista por qualquer espectador, que vai rir e se comover. É uma narrativa sobre a transformação da vida.

O longa não é nem comédia, nem tragédia. É uma história baseada em um evento real que traz elementos para a vida real para entreter o espectador, quem quer ser apenas entretido será entretido, mas sairá de lá modificado, tenho a certeza disso, por que a história toca muito.

Ramalho, você produziu filmes de ficção, como é agora trabalhar em um filme baseado em algo real?

Ramalho: Você pega a história real e a transforma em uma ficção. É como o próprio Roberto Carlos fala no filme: “essa é a história dele como ele pode contar”, então, essa é a história dele como a gente pode contar.


Denise, como atriz você trabalha sempre na frente das câmeras e em O Contador de Histórias exerceu a função de produtora. Como foi ficar desta vez nos bastidores?

Fraga: Na verdade, sempre a atriz roubou a cena da produtora (risos).

Ramalho: Inclusive, ela tem uma ponta no filme.

Fraga: A gente sempre produziu, eu e o Luiz, as coisas que fazemos, tanto em teatro quanto em cinema. Hámuito tempo as coisas que quero fazer em teatro eu acabo levantando o projeto. Hoje você tem que ser muito isso, tem que ser um ator-produtor, se quiser fazer as coisas que te interessam. Quando se lê uma obra e tem o interesse de fazer parte, depende de você levantar aquilo. Desde que eu tinha o meu grupo de teatro eu produzia, fazia acontecer, levantava projeto, reunia as pessoas, captava recursos. Eu e o Luiz sempre trabalhamos assim.

Mesmo as coisas que fazemos na TV, de certa maneira, têm uma origem de produção nossa porque são projetos criados pelo Luiz e pela equipe de redatores que a gente tem há muito tempo. Então, é uma turma criativa que sempre estão desenvolvendo projetos. O que acontece dessa vez é que eu não estou trabalhando como atriz, então, eu sou apenas produtora do filme.

É um prazer enorme ver isso acontecer, porque é um projeto de muito tempo que eu acompanho. Eu e o Luiz sempre brincamos que somos os “Palpiteiros Oficiais” de cada um. Todo tempo nós damos palpite no que está sendo feito pelo outro. Acredito que é uma coisa que a gente adquiriu naturalmente. Ao fazer isso, podemos melhorar o que está sendo feito e temos um posicionamento critico. Isso faz com que andamos para frente.
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O Contador de Histórias estreia hoje no país. Você também pode ler a entrevista realizada pelo Cinema em Cena com Roberto Carlos Ramos (para conferir, clique aqui) e com o diretor Luiz Villaça (clique aqui).


fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/

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