terça-feira, 30 de junho de 2015

Conheça o Imposto Vira Cultura, plataforma de financiamento coletivo criada em Florianópolis


Pessoas físicas e jurídicas podem escolher projetos culturais para beneficiar com dedução no Imposto de Renda


A gaúcha Lidiane Lemes é a idealizadora do Imposto Vira Cultura



Empreendedorismo na veia, ancorado na laureada economia criativa, oImposto Vira Cultura é uma plataforma em que pessoas físicas (e também jurídicas) revertem parte do imposto de renda em investimento em projetos culturais. A ideia é de Lidiane Lemes, que falou sobre a iniciativa ao Anexo durante o TEDx Floripa, que aconteceu na capital catarinense no último fim de semana.

Como funciona a plataforma?

A ideia surgiu em 2011, mas só saiu do papel no ano passado durante o Social Good Brasil. A proposta é conectar quem produz cultura com quem pode incentivá-la. Percebemos que a maioria dos projetos aprovados em leis de incentivo, como a Lei Rouanet, não consegue ser realizado porque não recebe os recursos. Então decidimos mostrar que parte do Imposto de Renda de pessoas físicas (até 6%) e pessoas jurídicas (até 4%) pode ser revertida para incentivar esses projetos culturais ociosos. Serviremos como uma vitrine de iniciativas que tenham impacto cultural, mas que necessitam de captação de recursos. A pessoa entra, escolhe o projeto que deseja incentivar, deposita o valor proporcional ao imposto de renda devido e acompanha o desenvolvimento do produto cultural por até dois anos. Em vez de ir para o governo, que faz essa renúncia fiscal desde 1991, a grana vai para quem tem uma ideia bacana de cultura. Depois, o valor pode ser restituído ou deduzido.

Qual o impacto da plataforma no trabalho dos produtores culturais?

Em um relatório divulgado pelo Ministério da Cultura no ano passado, foi demonstrado que apenas cerca de mil pessoas destinaram parte do imposto de renda devido a projetos culturais, em um universo de 10 milhões de brasileiros. Isso acontece porque a maioria desconhece a possibilidade de incentivo. A plataforma vem para desmistificar isso e conseguir desenvolver esses projetos. Queremos fomentar a produção cultural dos mais variados artistas, gerar postos de trabalho da tão falada economia criativa e também impostos.

Quantos projetos estão sendo viabilizados pelo Imposto Vira Cultura?

Estamos com seis projetos aprovados em fase de captação. Entre eles, música, teatro, audiovisual e literatura catarinenses aguardam incentivo de pessoas ou empresas. Como estamos sediados em Florianópolis, por enquanto nossa vitrine será composta por projetos locais, por uma questão de identificação. Quem incentivar, vai querer ver de perto o produto cultural.

Você espera que mais empresas ou que mais pessoas acabem financiando os projetos?

Mais pessoas, principalmente, porque espero que cada vez mais as pessoas se deem conta de que precisam consumir cultura. De que nós todos somos feitos de cultura. Queremos que as pessoas se sintam empoderadas e tenham autonomia para escolher uma iniciativa, acompanhá-la e usufruí-la. Mas também queremos despertar o interesse das empresas para que elas vejam o financiamento não somente como interesse de marketing, mas principalmente como valor de difusão cultural. Hoje nossa base é a Lei Rouanet, mas pensamos em, no futuro, usar a legislação e impostos municipal e estadual para incentivar ainda mais projetos.

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